Ouro Preto entra de vez para os roteiros eco-culturais de Minas Gerais com a abertura do Parque Estadual do Itacolomi (PEI). O Parque fica entre as cidades de Ouro Preto e Mariana e se destaca pela beleza natural, pela flora e pela fauna. A região possui a Casa Bandeirista, que serviu de casa fiscal no tempo da exploração aurífera. A Casa é uma das três construções em estilo paulista preservadas em Minas Gerais.
No século XX, a região do Parque do Itacolomi foi um dos principais locais produtores de chá preto em Minas Gerais. O chá Edelweiss era exportado até para a Alemanha. Hoje funciona no local o Museu do Chá com o maquinário utilizado para o beneficiamento da planta.
Além de conhecer a história do Parque do Itacolomi, conheça as trilhas para caminhada. A visita ao Parque é um programa para toda a família com trilhas específicas para crianças. Conheça e desfrute das belezas do Parque Estadual do Itacolomi.
Visitação e Trilhas
Informamos que o Parque Estadual do Itacolomi se encontra fechado às terças – feiras para manutenção.
O horário de saída das trilhas é 8h30, 10h e 15h. Abaixo horários de vans para traslado interno saindo da recepção do parque. O telefone para informações é (31) 8835-7260
Horário de Vans
Segunda a Sexta – feira | |
SubidaManhã 08:00h 09:00h 10:00h | Tarde 13:00h 15:00h 16:00h |
DescidaManhã 08:30h 09:30h 11:00h | Tarde 14:00h 15:30h 17:00h |
Sábado e Domingo | |
SubidaManhã 08:00h 09:00h 10:00h 11:45h | Tarde 14:00h 15:00h 16:30h |
DescidaManhã 08:30h 09:30h 11:00h | Tarde 12:15h 14:30h 16:00h 17:00h |
Trilha do Forno
Percurso de 1.200 m. Percorre parte do Parque com vegetação de Mata Atlântica, e passa por áreas encharcadas e alagadiças. No caminho, nascentes e olhos d´água que formam o Córrego do Manso. O caminho termina nas ruínas de um forno cerâmico. Suspeita-se ser o forno da Olaria Roque Pinto, que funcionou na área do Parque no século XIX.
Trilha da Capela
Percurso de 1.500 m. Percorre a área do Parque colonizada por Candeias, além de várias espécies de vegetais. No caminho encontram-se em abundância vegetais inferiores: briófitas (musgos) e líquens. A região tem o solo ferruginoso, e há restos de plantio de eucalipto.
Trilha da Lagoa
Percorre a região de vegetação da Mata Atlântica em regeneração. Passa por regiões alagadiças com vegetação característica. A trilha contorna a Lagoa da Capela, e é ideal para crianças, por ser uma caminhada mais leve.
Expedições
1 – Morro do Cachorro: Expedição monitorada até o local onde se avista o Pico do Itacolomi, as cidades de Ouro Preto e Mariana, a Serra do Caraça, o Pico do Itabirito e o sub-distrito de Lavras Novas.
2 – Caminhada do Mirante: Distante 4 Km da Fazenda do Manso, a caminhada oferece em seu ponto final, uma magnífica visão da represa do Custódio, vista por cima.
3 – Caminhada à Represa do Custódio: Distante 8 Km da Fazenda do Manso, o caminho percorrido utilizando uma estrada de terra, pela qual o visitante pode ter acesso a uma represa de águas límpidas.
As expedições só acontecem com agendamento prévio.
Preços: (Por Pessoa)
Trilhas: R$ 3,00
Expedição e Caminhada: R$ 5,00
Expedição ao Pico: R$ 10,00
História e Atrativos
Pico do Itacolomi
É da língua cataguá o nome Itacolomi: Ita (pedra) e Curumim (criança) formam o nome Pedra-menino, ou Bebê de pedra.
Foi na região do Parque do Itacolomi que os bandeirantes descobriram, no córrego do Tripuí, pedras escuras e pesadas que depois se revelariam ouro puro. Para voltarem ao lugar onde havia as pedras, o marco foi o Pico do Itacolomi. Durante alguns anos, várias bandeiras procuraram o pico. Foi em 24 de junho de 1698 que a bandeira do português Antônio Dias avistou o Itacolomi, e iniciou a colonização da região que mais tarde seria Ouro Preto.
Fazenda São José do Manso
Em cerca de 200 hectares da área do Parque Estadual do Itacolomi está a Fazenda São José do Manso. De acordo com Álvaro Silveira, a área foi arrematada em 1772 pelo Sargento-Mor Manoel Manso da Costa Reis, e era conhecida na época com Fazenda da Vargem da Olaria. Em 1871 a propriedade foi hipotecada e, em 1909, passou às mãos dos irmãos Soares. Em data ainda não precisa, foi vendida a Francisco Diogo de Vasconcelos.
Em 8 de outubro de 1932, a fazenda foi adquirida pelo Sr. José de Salles Andrade. Foi com ele que floresceu o cultivo do chá. Em 7 de outubro de 1974, a fazenda foi vendida ao historiador Tarquínio J. B. de Oliveira. As instalações físicas que constam no contrato de venda são: uma fábrica de chá, casa, barracão de murchar folhas, quarto de balaios, estufa, moinho, classificador, calorífica, peneira mecânica, ventilador e demais pertences, casa-sede da Fazenda do Manso com quartos para arreios e garagem, uma casa assoalhada com 5 cômodos, um “bom-será” (seqüência de casas de parede meia) com três moradias e outro com quatro cômodos.
Parque Estadual do Itacolomi
O Parque Estadual do Itacolomi foi criado em 1967, por meio da Lei estadual nº 4.495, de 14 de junho de 1967. Ele está localizado entre os municípios de Ouro Preto e Mariana, em uma área de 7.543 hectares. No Parque nascem vários cursos d`água formadores da Bacia do Rio Doce, uma das mais importantes do Estado.
A administração da área do Parque é de responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas, o IEF, órgão do Governo do Estado de Minas Gerais.
Casa Bandeirista
É um dos mais expressivos testemunhos da influência paulista na arquitetura rural mineira, junto com a Casa de Amarantina e a Fazenda da Pedra, de Cristiano Otoni. É característica da arquitetura paulista presente na Casa Bandeirista a fachada simétrica com alpendre reentrante no centro, entre dois prismas brancos com janelas ao centro. A casa é de alvenaria de pedra e barro, com alguns trechos de tijolos cerâmicos.
De acordo com historiadores, a casa foi construída pelo 2º Guarda-Mor do Distrito das Minas Gerais, Domingos da Silva Bueno, entre os anos de 1706 e 1708. Existem suspeitas de que a Casa Bandeirista foi o primeiro edifício público da história de Minas Gerais, já que, supostamente, foi construída para cobrança de quintos, vigilância e defesa do acesso às Minas de Ouro Preto.
Foi quando o proprietário da Fazenda São José do Manso era José Salles de Andrade que o valor histórico da Casa Bandeirista foi reconhecido. A Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Dphan) realizou nela uma intervenção de emergência em 1948. A última intervenção foi realizada em 1998, quando a Casa Bandeirista e seu entorno foram tombados.
Museu do Chá
O maquinário para beneficiamento do chá colhido nas lavouras da Fazenda do Manso está exposto no Museu do Chá.
Aspectos Geográficos
Flora
O Parque Estadual do Itacolomi está inserido em uma região de transição entre dois biomas, o Cerrado e a Mata Atlântica. Cerca de 60% da área do Parque é formada por Campos Rupestres. O restante é de florestas remanescentes da Mata Atlântica.
De sua vegetação, destacam-se as seguintes espécies de porte arbóreo:
– Peroba Parda
– Candeia
– Canelas
– Copaíba
– Braúna
– Jatobá
– Jacarandá Preto
– Pau de Tucano
– Quaresmeiras, entre outras
As principais espécies de porte herbáceo são:
– Antúrio (várias espécies)
– Begônia
– Bromélias
– Arnica
– Canela de Ema
– Sempre-vivas
Há, ainda, o samambaiaçu, uma samambaia gigante. E uma espécie de orquídea endêmica que só ocorre na Serra do Itacolomi. É a Habenaria itaculumia (Garay), que havia sido considerada extinta, e foi redescoberta na área de campo rupestre do Parque. Nas orquídeas do gênero Habenaria as folhas têm a cor verde claro.
Fauna
Encontram-se na região do Parque Estadual do Itacolomi o Tamanduá-mirim, o Quati, o Gato Mourisco, várias espécies de Tatus. Há também Lontras, Macaco-Sauá, Beija-flor de Gravata, Pavó e Jacu-açu. Estes últimos estão incluídos no Livro Vermelho das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado de Minas Gerais.
Por lá também passaom as onças parda e pintada, à procura de alimentação (pequenos animais).
Clima, relevo e hidrografia
O clima da região é caracterizado como de altitude, relativamente úmido, com nevoeiros freqüentes e ventos dominantes na direção sudoeste. A temperatura média é de 21ºC com máxima de 33ºC e mínima de 4ºC. A distribuição de chuvas se concentra de outubro a março.
A maior parte da área do Parque do Itacolomi tem relevo do tipo montanhoso, com grandes declives topográficos e altitudes que variam de 700m a 1772m (no cume do Pico do Itacolomi) acima do nível do mar. A Serra do Itacolomi é um dos ramos isolados da Serra do Espinhaço, que atravessa Minas Gerais do sul para o norte. O Parque Estadual do Itacolomi está situado na bacia do Rio Gualaxo do Sul, afluentes do Rio do Carmo. Os principais cursos d`água do Parque são o Córrego do Manso, Córrego dos Prazeres, Córrego Domingas, Rio Mainart, Ribeirão Belchior, Córrego do Benedito e Rio Gualaxo do Sul.
Mapa do Parque
Gestão
Administração
Governo de Minas Gerais
Secretaria de Estado do Meio Ambiente
Instituto Estadual de Florestas ( www.ief.mg.gov.br )
Gestão Compartilhada
Instituto Estadual de Florestas – IEF
Fundação Educativa de Rádio e Televisão de Ouro Preto – Feop
Parceiros
Prefeitura Municipal de Mariana ( www.mariana.mg.gov.br )
Prefeitura Municipal de Ouro Preto ( www.ouropreto.mg.gov.br )
Instituto Estrada Real ( www.estradareal.org.br )
Ministério do Turismo ( www.turismo.gov.br )
Universidade Federal de Ouro Preto ( www.ufop.br )
Patrocínio
Alcan Alumínio do Brasil
Chá
História do chá
O chá é uma planta, a Cammelia sinensis, da família das Theaceae, originária da China e cultivada em muitos países da Ásia e de outros continentes. Em Ouro Preto, o chá foi cultivado durante o século XX, especificamente entre as décadas de 1930 e 1950.
Uma lenda hindu explica as origens do chá. Diz a lenda que um brâmane – indivíduo pertencente à casta dos sacerdotes na Índia – para castigar o corpo por tentações que teve, cortou as próprias pálpebras, a fim de ficar sempre acordado. Lançados ao solo, os pedaços sangrentos de suas pálpebras se transformaram em arbustos, cujas folhas tinham a propriedade de manter alertas e vigilantes aqueles que a tomassem. Esses arbustos eram o chá, e a lenda explica a ação estimulante da cafeína presente nele.
Do oriente, o chá foi levado para a Europa em meados do século XVII, e chegou ao Brasil em 1812, trazido por Luiz de Abreu. Foi no Jardim Botânico do Rio de Janeiro que o chá foi plantado pela primeira vez no país. A plantação só teve incremento quando, em 1814, alguns chineses vieram ao Brasil trazendo as técnicas de cultivo. O sucesso do plantio só aconteceu em 1824, quando o Frei Leandro do Sacramento retomou as culturas no Jardim Botânico, e forneceu sementes para plantações em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
A indústria do chá no Brasil cresceu com rapidez, e atingiu o máximo de sua produção em 1852, quando só o estado de São Paulo produziu cerca de 30 mil quilos. A qualidade do chá cultivado aqui era tão boa que, na exposição de Viena, na Áustria, em 1873, o chá brasileiro foi classificado como o segundo melhor do mundo, atrás apenas do chá chinês.
Com a abolição da escravatura em 1888 a produção do chá brasileiro decresceu, quase desaparecendo totalmente. Entretanto, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, o chá nacional, principalmente o de Minas Gerais, começou a aparecer no mercado. Pela falta de técnica no preparo e no plantio, a qualidade era muito ruim.
Somente em 1920 é que começaram a ser empregados em Ouro Preto processos racionais para a cultura e o beneficiamento do chá. O município preenche as necessidades técnicas para o desenvolvimento do chá, que melhor se dá em altitudes aproximadas de 1.280m. A estação das chuvas está dentro das condições julgadas propícias para o cultivo do chá. O chá produzido em Ouro Preto era de excelente qualidade. O chá verde e o chá preto são originados da mesma planta, a Cammelia sinesis. A diferença entre os dois tipos de chá é somente o modo de beneficiamento. Na preparação do chá preto usa-se expor as folhas durante algum tempo à ação da umidade, antes de aquecê-las e enrolá-las, a fim de que fermentem, perdendo a cor verde.
Chás de Ouro Preto
Em Ouro Preto havia oito empresas constituídas que cultivavam, beneficiavam, vendiam e exportavam o chá. As duas mais importantes são o chá do Tesoureiro, o do Instituto Barão de Camargos e o chá Edelweiss, este último cultivado na Fazenda do Manso, na área do Parque Estadual do Itacolomi.
A produção do Chá Edelweiss prosperou a partir do início da década de 30 e persistiu até o final dos anos 50. Na Fazenda São José do Manso havia, em 1946, 1,8 milhão de pés de chá. O proprietário da fazenda na época era José Salles Andrade, que importou as sementes da Índia e o maquinário da Alemanha. O chá tinha o nome de Edelweiss em homenagem à esposa do fazendeiro.
O maquinário para o beneficiamento do chá está até hoje no Parque do Itacolomi, e constitui o Museu do Chá. As folhas colhidas iam para uma esteira, para que murchassem. Em seguida, passavam para a máquina de enrolar, eram alisadas na máquina quebra-bola e colocadas na estufa para secar. As folhas eram então cortadas no moinho, depois de catadas as taquaras, e o chá era peneirado. A produção do Chá Edelweiss acabou no final da década de 50.
Em 1974, a Fazenda São José do Manso foi vendida para o historiador Tarquínio José Barbosa de Oliveira, que tentou recomeçar a produção do chá preto. Quando assumiu a fazenda, o historiador encontrou a área de plantio tomada pelo mato. Limpou tudo e recomeçou a produção, mas não teve o mesmo sucesso do Chá Edelweiss.
Na área do Parque Estadual do Itacolomi conhecida como Chacrinha também houve produção de chá, da marca Ouro, na década de 30. A produção também declinou na década de 50. O declínio do chá brasileiro, de acordo com especialistas, se deu com a entrada do produto japonês no mercado nacional, com custo 50% menor que o do chá do Brasil.